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Mostrando postagens de abril, 2007

Para italianos, Lula faz "revolução prudente"

É sempre interessante analisar como os estrangeiros estão observando a política brasileira, porque muitas vezes o olhar externo, distante das pequenas questões locais, consegue enxergar a essência dos movimentos em curso. Na época do mensalão, por exemplo, aqui no Brasil não se falava em outra coisa, mas o assunto nem sequer era comentado no exterior, ao passo que a recuperação econômica do Brasil era notícia. Lendo os jornais de fora era mais fácil entender que Lula tinha, sim, boas chances de se reeleger. Na reportagem abaixo, da BBC Brasil, reproduzida pela Folha Online, está a visão do jornal La Repubblica , um dos mais importantes da Itália. Vale a pena ler o texto e refletir sobre o conteúdo. "Revolução prudente" e "Brasil-potência" não são palavras ao vento. "Revolução prudente" de Lula cria Brasil-potência, diz jornal da BBC Brasil Uma "revolução prudente" liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo nascer uma "po

Lula lamenta morte do dono da Folha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou na noite deste domingo uma nota lamentando a morte do empresário e dono do jornal Folha de S. Paulo , Octavio Frias de Oliveira, aos 94 anos. A nota, reproduzida abaixo, é sincera: Lula gostava bastante do "seu Frias", como o empresário era conhecido. Quem de fato não tinha e nem tem a menor simpatia pelo presidente é o filho e herdeiro Otavio Frias Filho, o Otavinho. Durante a campanha eleitoral de 2002, Lula foi almoçar na Folha e viveu um episódio constrangedor em função do comportamento agressivo de Frias Filho. Irritado, o então candidato à presidência decidiu ir embora antes do repasto terminar, não sem antes se desculpar com seu Frias, ele mesmo um tanto aborrecido com o comportamento do próprio filho. No ano passado, Lula fez uma visita de caráter pessoal à casa de Octavio Frias de Oliveira. Como se pode observar na foto acima, reproduzida do encarte de imagens do livro de Engel Paschoal ( A Trajetória de Octavio Fria

Ainda sobre a briga Jabor vs. Chinaglia

Vale a pena ler o texto abaixo, do jornalista Luiz Weis, na íntegra. Originalmente publicado no blog Verbo Solto , o comentário do experiente jornalista avança em relação a alguns argumentos utilizados pelo autor destas Entrelinhas, em nota anterior, sobre a polêmica provocada pelo processo que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), promete abrir contra o jornalista-cineasta Arnaldo Jabor . Weis é extremamente feliz em qualificar o trabalho de Jabor, e Diogo Mainardi, entre outros, como "jornalismo de insulto". É exatamente disto que se trata e os insultados estão corretíssimos em recorrer ao judiciário em busca da reparação, ainda que a crítica faça sentido ou seja meritória, como é o caso da indignação de Jabor com o desperdício de recursos públicos no legislativo federal. Em outras palavras, a crítica pode até ser justa, mas a forma imprópria transforma o que Jabor e Mainardi devem qualificar de "contundência" em um verdadeiro tiro no pé, como br

Notícias do serpentário

Está muito interessante o relato da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo , sobre a reação do maestro John Neschling, pela primeira vez em público, contra as tentativas do governador tucano José Serra de apeá-lo do cargo de regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Não está no relato de Mônica, mas no blog de James Akel a informação de que a primeira-dama do Estado, Mônica Serra, passou grande constrangimento na quarta-feira, durante o concerto: o público aplaudiu calorosamente o anúncio das presenças de Fernando Henrique e Ruth Cardoso e também de dona Lila Covas. Quando foi anunciada a presença da primeira-dama, silêncio completo. O PSDB é mesmo um ninho de cobras criadas. A seguir, na íntegra, a matéria de Bergamo: Neschling desabafa: "Por que eu tenho que sair?" Aos gritos, o maestro John Neschling desabafava, no camarim da Sala São Paulo, na noite de quarta-feira: "Por que eu tenho que sair? Me diga? Por quê? Por quê?". Neschling aca

Chinaglia vs. Jabor: quem tem razão?

A matéria reproduzida ao final desta nota, em versão da Agência Estado, retrata uma situação em que os dois lados têm razão. O jornalista Arnaldo Jabor se mostrou indignado com os suntuosos gastos dos parlamentares em Brasília. Ele tem razão, o gasto é de fato uma imoralidade. O presidente da Câmara, por outro lado, classificou com inadmissível o fato de Jabor ter qualificado os parlamentares de "canalhas" e anunciou que vai processar o colunista. Chinaglia também está com a razão: Jabor se excedeu na crítica e expressou sua indignação de forma bastante imprópria, de forma que cabe, sim, um processo por calúnia e difamação. Na Justiça, o jornalista terá que provar que os 513 deputados federais são "canalhas" ou buscar um acordo, uma retratação. Tudo isto faz parte da democracia, não há nada de autoritário no ato de Chinaglia. Em uma conversa de botequim, qualquer brasileiro pode falar o que bem entende sobre a atuação dos parlamentares e de suas progenitoras, mas o

Jornais escondem os bons
números sobre emprego

Os principais jornais brasileiros não deram muita bola para os excelentes números da evolução do emprego no País, divulgados ontem em duas pesquisas distintas. Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados) reveleram que em março foram criados 146 mil novos empregos com carteira assinada, resultado foi 91,15% superior ao verificado no mesmo mês de 2006 e recorde histórico desde 1992 , quando a pesquisa começou a ser feita. Também a pesquisa do Seade/Dieese, que apontou um aumento no desemprego nas regiões metropolitantas em março é positiva, porque trata-se da menor taxa de desemprego para o mês de março em 10 anos. O desemprego normalmente aumenta nos três primeiros meses do ano porque é a época em que muita gente entra no mercado de trabalho para procurar emprego, provocando um efeito estatístico nas taxas. O correto, portanto, é comparar o nível com o de anos passados, e não com os meses anteriores. Na Folha de S. Paulo , o assunto sequer rendeu chamada na primeira página e fi

Soninha e o PT, tudo a ver?

A vereadora paulistana Soninha (PT), que muito nos honra com a audiência, escreve para esclarecer uma nota antiga deste blog, sobre a sua eventual saída do PT. Diz ela: Luiz Antonio, nunca foi verdade a "notícia" de que eu estava negociando minha ida para o PPS. As "cinco fontes" da Renata Lo Prete mentiram - ou ela entendeu muito mal... Eu não aproveitei a oportunidade para contestar a Folha; era a única coisa que eu podia fazer, depois de o Painel escrever algo que não era verdade. PS: O TSE não "decide" sobre perda de mandato; ele emitiu um parecer, que pode ou não ter ser confirmado pelo STJ. Abs, Soninha. O esclarecimento é cristalino, mas cabem aqui duas considerações: não foi apenas a jornalista Renata Lo Prete que escreveu sobre uma eventual saída da vereadora do PT, o assunto circulou e quem acompanha os bastidores da Câmara garante que existiu uma aproximação de Soninha com o governador José Serra (PSDB). Neste blog jamais foi dito que o TS

Para entender a popularidade de Lula (2)

Mais uma notícia, desta vez na versão da Folha Online, que ajuda a entender a popularidade nas alturas do presidente Lula. Lembrando a máxima do marqueteiro James Carville, que reelegeu Bill Clinton nos Estados Unidos, "é, sim, a economia, estúpido..." Vendas de supermercados crescem 9,81% em março KAREN CAMACHO, da Folha Online Os supermercados recuperam-se das perdas registradas em 2006 e março deste ano tiveram alta real (já descontada a inflação) de 9,81% em relação ao mesmo mês de 2006, segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados). Na comparação com fevereiro, o crescimento real foi de 11,28%. No trimestre, as vendas acumulam aumento real de 7,35%, sobre os primeiros três meses do ano passado. Segundo o presidente da Abras, Sussumu Honda, os números demonstram uma recuperação "consistente". Honda afirma que alta de março em relação a 2006 foi provocada dois fatores principais: o aumento do nível de consumo e o aumento dos preços dos alimentos, que f

Para entender a popularidade de Lula

A notícia abaixo explica o motivo pelo qual Lula tem a taxa de aprovação em mais de 60%. Só não vê quem não quer. Geração de emprego formal no País cresce 91% em março No acumulado do ano, alta no número de novas vagas formais é de 17,64% Isabel Sobral BRASÍLIA - O Cadastro Geral de Empregados (Caged) registrou em março a criação de 146.141 novos empregos com carteira assinada. O resultado foi 91,15% superior ao verificado no mesmo mês de 2006, quando foram gerados 76.455 postos de trabalho. No primeiro trimestre do ano, o Caged acumula um saldo positivo de 399.628 novos empregos, contra 339.703 registrados em igual período do ano passado. Ou seja, no acumulado do ano, houve um crescimento de 17,64% no número de novas vagas de trabalho formais.

O Judiciário é uma festa

Charge do Agê que estará no DCI desta quarta-feira

A malandragem da Folha e os gastos de Lula

A manchete da Folha de S. Paulo desta terça-feira é bem malandrinha, para dizer o mínimo: "Lula é recordista em publicidade". Quando o pobre leitor, já horrorizado com o presidente perdulário, que teria gasto mais de R$ 1 bilhão para a sua própria promoção no ano passado, lê a reportagem (e não é todo mundo que passa da leitura dos títulos), obtém algumas informações esclarecedoras: 75% dos gastos de publicidade em 2006 não são propriamente do governo federal, mas das empresas estatais, que entre outras coisas, têm de concorrer no mercado (Banco do Brasil, Petrobrás, Caixa Econômica Federal e tantas outras empresas). O bravo matutino da Barão de Limeira poderia ter informado, apenas para dar uma boa base de comparação, quanto gastam Bradesco e Itaú com publicidade por ano. É com eles, por exemplo, que o Banco do Brasil tem de competir... A primeira constatação, portanto, é a de que Lula não gastou R$ 1 bilhão em publicidade, mas apenas 25% deste total. Seria muito mais int

É a CPMF, estúpido...

O que está nos jornais nesta terça-feira corrobora a análise feita neste blog a respeito das conversas do presidente Lula com a oposição: a negociação está girando principalmente em torno da prorrogação da CPMF, matéria que demanda quórum qualificado de dois terços em cada uma das casas do Congresso Nacional. Na Câmara, o governo até teria uma situação tranquila, mas conseguir os dois terços do Senado não é tarefa assim tão fácil: DEM e PSDB juntos somam 32 dos 81 senadores da República, número suficiente para impedir a maioria de dois terços. Ao fim e ao cabo, é provável que a negociação acabe bem para o governo porque o presidente já acenou com o repasse de parte dos recursos da CPMF para estados e municípios e os oposicionistas não estão em condições de recusar dinheiro para os prefeitos e governadores da sua tropa. De toda maneira, será preciso conversar e é a isto que o presidente vai se dedicar nas próximas semana.

Rodini: a Justiça não pode virar Papai Noel

Em mais uma colaboração para o Entrelinhas, o diretor do instituto Engrácia Garcia, Jorge Rodini, escreve sobre a crise no Poder Judiciário. A seguir, o comentário de Rodini: Desde criança, o menino ouve o pai dizer que a justiça tarda, mas não falha. A menina escuta a mãe afirmar que a Justiça é cega, que não privilegia quem quer que seja. Quando vai crecendo, o guri ou guria começa a perceber que não é bem assim. Lê no jornal de credibilidade que uma mãe brasileira foi presa por furtar um pote de manteiga, que um pai de família foi detido por engano, mas que os deputados pegos com a mão na botija de um tal "mensalão" sequer perderam seus mandatos. O correto passa a não ser justo... O justo jamais vai ser correto.Pensa o adolescente: que Justiça maluca é esta que meu pai me fez acreditar, a confiar piamente? No fundo, todos nós estamos acordando para uma realidade. No Brasil, o crime não é organizado, já está faz muito tempo. Se não podemos mais confiar num Magistrado, iremo

As conversas de Lula com a oposição

Primeiro foi o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), depois os tucanos José Serra e Tasso Jereissati, este último na condição de presidente nacional do PSDB. E nesta segunda-feira, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto o senador Romeu Tuma (DEM-SP). O que de fato representam as conversas do presidente com ilustres figuras da oposição? Há quem diga que Lula quer governar sem oposição neste segundo mandato, daí a boa vontade com tantos de seus ferozes adversários. Não é bem assim. O presidente não é ingênuo e conhece bastante bem o jogo da disputa pelo poder. Aparentemente, Lula está realizando dois movimentos simultâneos: por um lado, estabeleceu uma ponte para dialogar com os governadores oposicionistas de São Paulo e Minas Gerais, ambos tucanos e desde já pré-candidatos à presidência em 2010. A intenção das conversas parece ser sobretudo iniciar uma negociação séria em torno de assuntos de interesse comum (aprovação dos projetos do PAC, prorrogação da CPMF e da DRU,

Deputado José Eduardo Cardozo,
mas pode chamar de Mister Magoo

Se a notinha abaixo, divulgada pelo jornalista Ricardo Noblat em seu blog , for mesmo verdadeira, o petista José Eduardo Cardozo precisa urgentemente consultar um oftalmologista. A menos que tenha se tratado de uma retaliação tardia à famosa frase "Eu tenho medo", proferida pela atriz em questão na campanha eleitoral de 2002. Nos dois casos, convenhamos, Cardozo pisou na bola... Duas historinhas sobre a mais recente edição do Fórum Empresarial de João Dória Associados realizado no último fim de semana em Comandatuba, na Bahia, e que costuma atrair nove de cada 10 estrelas do mundo político e empresarial: * Feliz da vida por circular entre tantas celebridades, o deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP) estancou diante de uma delas e a cumprimentou com um sorriso: "Sou seu fã, Vera Fischer". Regina Duarte retribuiu o cumprimento com um sorriso. *A VarigLog costuma mandar uma caixa enorme para o apartamento dos convidados do Fórum Empresarial de João Dória Associados

Só para constar: Serra já desmentiu Marchi

O governador José Serra já desmentiu no blog do jornalista Reinaldo Azevedo o teor da reportagem de Carlos Marchi, publicada domingo no Estadão e comentada na nota anterior. Reinaldão, que é um serrista roxo, tem uma avaliação semelhante a deste blog sobre as chances de uma aliança entre o PT e o PSDB com vistas às eleições de 2008 e 2010: não há o menor perigo de que isto de fato aconteça. Pelo teor da resposta de Serra a Reinaldo, as fontes da matéria de Marchi são tucanos, mas do grupo que não está querendo muito dar mole para Serra - só não dá para saber se seriam os "alquimistas" ou os apoiadores do mineiro Aécio Neves. De toda maneira, a matéria de Carlos Marchi serve para mostrar que, definitivamente, o PSDB é um grande ninho de cobras. Muita água vai rolar debaixo de ponte até a definição do nome do candidato tucano a prefeito de São Paulo e este será o primeiro round de uma guerra que promete fortes emoções até a definição do futuro presidenciável do PSDB.

Serra apoiado por Lula:
reportagem ou delírio?

A matéria reproduzida no final deste comentário, publicada neste domingo no jornal O Estado de São Paulo , não foi redigida por um foca afoito, mas por um dos bons repórteres de política do país, o experiente Carlos Marchi. A tese apresentada por Marchi soa estapafúrdia: o governador José Serra (PSDB) estaria tentando se aproximar do presidente Lula e do PT para ser ele próprio o candidato apoiado pelo atual governo nas eleições presidenciais de 2010. Em troca, a negociação "incluiria" a cessão para o PT da prefeitura de São Paulo, em 2008, e do governo paulista, em 2010, que poderia acabar no colo do próprio presidente Lula. Marchi não é bobo e se publicou esta tese, é porque alguém soprou a história para ele, redondinha. O repórter não revela as fontes da informação que obteve, o que dificulta um pouco a avaliação da versão relatada. Este blog, no entanto, avalia que muita coisa no mundo real conspira contra a versão de Marchi e acha que a matéria em questão ou serve a in

Sobre o que Lula e Tasso conversaram?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, para uma conversa no Palácio do Planalto. Já há algumas versões da conversa nos sites e até mesmo nos jornais desta sexta-feira, quase todas baseadas nas declarações do próprio Tasso após o encontro. É óbvio que Jereissati não vai contar tudo para os repórteres e talvez só revele o que discutiu com Lula para poucas lideranças de seu partido. Uma parte da pauta é de conhecimento público – negociações em torno da prorrogação da CPMF e da DRU, projetos do PAC, as tais Zonas Especiais de Exportação (ZPEs). Sobre tudo isto, há pouco o que comentar – faz parte do jogo político o entendimento entre governo e oposição em torno dos assuntos de interesse de ambos os lados. O mais interessante do encontro, porém, é o fato de ele ter ocorrido menos de 24 horas após o presidente Lula ter recebido, também no Palácio do Planalto, o governador paulista José Serra, também tucano. Serra teria aberto uma interlocu

A política econômica está mudando?

O artigo abaixo, do autor destas Entrelinhas, é a coluna semanal para o Shopping News, encarte que circula com o DCI às sextas-feira. A indicação do economista Luciano Coutinho para a presidência do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e as recentes mudanças de diretores do Banco Central podem ser os primeiros sinais de modificações, ainda tênues, na política econômica do Governo Federal para este segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ninguém imagina que o governo vá realizar mudanças radicais, abandonando a política de metas de inflação, mandando às favas o alto superávit primário ou reduzindo muito a carga tributária. Não é disto que se trata. Lula tem muito claro que a correlação de forças políticas do Brasil de hoje não permite a ele realizar um governo autenticamente petista. Assim, ele executa um programa intermediário, repleto de concessões ao capital financeiro, acordos com a elite industrial e do agronegócio nacional. No primeiro mandato, o

Fogo amigo ou mudanças à vista?

A informação abaixo é do blog do jornalista Lauro Jardim, da revista Veja . Confirmada a nomeação, trata-se de mais um soldado, dentro do governo Lula, a lutar contra a ortodoxia da política econômica do próprio governo. José Carlos Assis não é apensa assessor do vice José Alencar e amigo de Luciano Coutinho. É um dos economistas mais críticos ao chamado paloccismo, muito mais, por exemplo, do que Júlio Gomes de Almeida, que foi recentemente defenestrado da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda justamente por discordar da política monetária de Henrique Meirelles. Dito isto, ou o presidente Lula está semeando tempestade para colher fogo amigo, ou vai mesmo realizar algumas mudanças no rumo da política econômica neste segundo mandato. BNDES Os desenvolvimentistas estão chegando... É dada como certa a nomeação do jornalista e economista José Carlos Assis para a diretoria Social do BNDES. Algumas de suas credenciais pessoais: é o assessor econômico do vice José Alencar

E se o juro cair 0,5 na próxima reunião?

O Banco Central de Henrique Meirelles é o grande saco de pancadas do governo. Dos industriais da Fiesp aos sindicalistas da Força Sindical, todo mundo adora falar mal do conservadorismo do Copom, que tem mantido a taxa de juros básica da economia em níveis altos. O esporte nacional do chamado "setor produtivo" é espancamento de Meirelles. Para a esquerda petista e partidos de esquerda aliados do governo, o presidente do Banco Central é uma espécie de "desculpa permanente" para qualquer tipo de problema da gestão Lula. Funciona mais ou menos assim: não tem reforma agrária? O Meirelles é que não deixa. O crescimento ficou aquém do esperado? Culpa do Meirelles. A lista é longa, mas o fato concreto, como diria o presidente Lula, é que a taxa de juros do Brasil vai convergindo para a dos demais países emergentes. Ademais, na reunião de ontem, a votação no Copom foi apertada: 4 a 3 pela redução de 0,25. Os três votos contrários foram de diretores que queriam reduzir a t

Selic cai para 12,5%

A taxa de juros brasileira é alta? Sim, muito alta. É a maior do mundo? Pode até ser, mas isto não é certo: as pesquisas comparativas em geral levam em conta no máximo 50 países. Nenhum economista brasileiro sabe a taxa da Guiana Francesa (14% em 2004, segundo o Google), por exemplo... De toda maneira, entre os países pesquisadas, a taxa do Brasil é, sim, a maior. Está tudo muito certo, mas há algo que não dá para esconder: com a queda da Selic para 12,5%, o Brasil tem hoje a menor taxa nominal da história. É chato para os Democratas (com maísucula, porque são os ex-pefelistas – não confundir com os democratas, com minúscula, que são os cidadãos que professam a crença na democracia) e tucanos, mas o fato aconteceu no governo Lula. Aliás, daqui para frente vai ser recorde atrás de recorde: juros, risco-país, exportações, mercado de capitais e tantos outros indicadores econômicos. Tudo sob Lula, para a tristeza de Fernando Henrique Cardoso, que achava que tinha dado "o melhor de si

Nomeação de Luciano Coutinho para o
BNDES é vitória da ala esquerda do governo

Os militantes da esquerda do PT adoram dizer que o governo Lula "está em disputa", o que na verdade é uma forma de justificar os vários acordos feitos pelo presidente com forças de centro e até de direita no espectro político. Os petistas mais radicais não engolem, por exemplo, os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), Márcio Fortes (Cidades) e muito menos o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Se disputa há, pelo menos no que diz respeito à política econômica a esquerda tem perdido todas. Nesta quarta-feira, porém, o presidente Lula decidiu manter o BNDES nas mãos das alas mais críticas à política econômica e nomeou o economista Luciano Coutinho (foto) para a presidência do banco. Não é pouca coisa: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é o principal instrumento de financiamento do governo federal e a alternativa a Luciano era um ex-vice-presidente do banco Santander, indicado pelo ministro Miguel Jorge. Entre o Santander e a Unicamp, Lula e

As tantas voltas que o mundo dá...

Se a informação abaixo, da jornalista Renata Lo Prete, editora do Painel da Folha de S. Paulo, estiver correta, o presidente Lula terá conseguido mais uma proeza na ampliação de seu arco de alianças: Mangabeira Unger, no auge da crise do mensalão, apoiou a solução de impeachment de Lula e chegou a escrever um artigo para a Folha intitulado "Deve o presidente ser impedido?", também reproduzido abaixo, datado de 16 de agosto de 2005. Agora, não só Mangabeira tem elogiado o "estadista" Lula, como participará do governo... Ministro novo Em encontro amanhã no Palácio do Planalto, Lula convidará Roberto Mangabeira Unger, professor titular de direito na Universidade Harvard, a assumir a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, órgão com status de ministério a ser criado pelo presidente. Fundador e vice-presidente do PRB, partido de José Alencar, Mangabeira coordenou o programa de governo de Ciro Gomes na campanha de 2002.Ficarão sob o guarda-chuva da nova secretaria

Uma chacina americana, por Alberto Dines

Está muito interessante o artigo do diretor do Observatório da Imprensa sobre os trágicos acontecimentos em Virgínia, nos Estados Unidos. Vale a pena ler na íntegra, abaixo: BLACKSBURG, VIRGÍNIA, 16/4/2007 Loucuras de abril: Columbine, Unabomber, Oklahoma... A chacina da escola em Columbine ocorreu em 20/4/1999. O Unabomber, Theodore Kaczynsky, matemático anarquista que desde 1978 enviou 16 cartas explosivas a professores, cientistas e astronautas, finalmente assumiu a responsabilidade pelos atentados numa carta enviada ao New York Times. Data: 24/4/1995. Uma picape carregada com duas toneladas de explosivos explodiu em frente a uma repartição federal em Oklahoma dias antes: 168 mortos, muitos negros e hispânicos. Data: 19/4/1995. Nasce em Braunau, Áustria, aquele que entrará para a história da humanidade como o maior e mais frio genocida: Adolf Hitler. Data: 20/4/1889 Coincidências. O nazismo não inventou o terrorismo moderno, nem o desprezo pela vida humana, nem o sacrifício de inoce

Servindo a dois senhores?

Notinha do colunista social Giba Um: Convidado especial - Não será surpresa se José Bonifácio (Boni) de Oliveira Sobrinho, ex-Rede Globo e responsável, depois do período de Walter Clark, pelo padrão Globo de qualidade , venha a participar, como consultor, do projeto de instalação da nova TV pública do Governo Federal. Detalhe: não é uma iniciativa do ministro Franklin Martins. É uma decisão do presidente Lula. Notinha da colunista Mônica Bergamo: ORÁCULO - Boni, o ex-manda-chuva da Globo, tem sido um dos interlocutores da equipe do governador José Serra para a reestruturação da TV Cultura. Ou Boni é muito esperto ou alguém comeu bola na apuração.

Bovespa perto dos 50 mil pontos

O indicadores do mercado financeiro continuam muito favoráveis no Brasil. Nesta semana, a Bolsa de Valores de São Paulo deve bater uma nova marca histórica, rompendo os 50 mil pontos (está em 49 mil e com tendência de alta na manhã desta terça-feira). O risco-país segue em queda e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, faz lobby junto às agências de classificação de risco, nos Estado Unidos, para que o Brasil receba logo o chamado "investment grade". É de fato cada vez mais provável que o país receba em breve esta deferência do mercado financeiro internacional e entre no clube de países considerados seguros para os investidores. Isto vai se traduzir em mais dólares aqui dentro, pressionando o valor da moeda americana para baixo e abrindo ainda mais espaço para uma queda maior na taxa de juros. Se nada mudar no cenário internacional, o segundo mandato de Lula deve se dar com esta perspectiva: inflação sob controle, juros mais baixos, risco país em queda e real apreciado. Se es

A jóia da coroa do segundo escalão

A reforma ministerial já terminou, mas alguns cargos de segundo escalão estão sendo objeto de disputa tão acirrada quanto foi a das vagas na Esplanada, já devidamente repartidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mais cobiçado sem dúvida é o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje presidido pelo jovem economisa Demian Fiocca. Pelo que corre nos bastidores, estão no páreo Luciano Coutinho, que seria o preferido do PT e até mesmo do presidente Lula, e Gustavo Murgel, ex-vice presidente do Banco Santander e nome indicado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Obviamente, a escolha é do presidente Lula, o que não quer necessariamente dizer que Coutinho larga na frente. A escolha será o resultado de um delicado processo de negociação com as forças que compõem a aliança governista e já há até quem aposte na permanência de Fiocca no posto. Muito a grosso modo, o significado da disputa é o seguinte: a nom

Cesar Maia explica a política de São Paulo

A notinha abaixo, do ex-blog do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM), ajuda muito a entender a quantas anda a política paulista. O mais interessante é que Maia foi um aliado de primeira hora do então prefeito José Serra (PSDB) na pré-campanha para a Presidência da República, vencida pelo então governdor Geraldo Alckmin, também tucano. DOMINGO, DIA DE PRAIA NO RIO ! DOIS DEPUTADOS FEDERAIS DO PT DE SP CONVERSAVAM ALEGREMENTE EM TORNO DE DOIS COPOS DE CHOPP E VÁRIAS BOLETAS CIRCULARES QUE MOSTRAVAM O CONSUMO. ASSUNTO: SOBRE A ELEIÇÃO PARA PREFEITO DA CIDADE DE SP, EM 2008: Deputado A- " Em S. Paulo a situação está difícil para nós. Acho difícil alguém ganhar do Alckmin". Deputado B- " Tranquilo ! Tranquilo ! O Serra se encarrega disso. ! Vai atropelar o Alckmin para nós". Deputado A- " Tem certeza ? " Deputado B- " Certeza e exemplo: foi assim com o nosso Chinaglia e vai ser assim com a nossa Marta".

Questão de lógica

Este blog recebeu uma mensagem de um leitor comentando a nota anterior, sobre a reeleição: "se Fernando Henrique é contra o fim da reeleição, então a medida deve ser boa para o Brasil. É uma questão de lógica", afirma o missivista, que pediu para não ser identificado...

A quem aproveita o fim da reeleição?

Os principais jornais deste final de semana trazem alentadas entrevistas sobre as negociações para o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos, incluindo aí as reclamações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra lideranças do seu próprio partido. Cardoso ficou aborrecido com o pessoal que já trabalha para acabar com um artifício que ele próprio partrocinou em seu primeiro mandato presidencial. O raciocínio do ex-presidente não é de todo ruim - ele acha que o fim da reeleição pode abrir caminho para um terceiro mandato de Lula, porque "zeraria" o jogo e, desta forma, o atual presidente poderia ser, pela primeira vez, candidato à presidência sob as novas regras. Como muito bem notou o jornalista Luiz Weis em seu blog Verbo Solto , porém, Cardoso deve achar que os governadores José Serra e Aécio Neves são dois debilóides para embarcar em uma negociação que só favorecerá o presidente Lula. Evidentemente, não pode ser assim. Aécio e Serra querem o fim da

Muy amigos...

Charge do Agê que está no DCI desta sexta-feira

Projeto que prevê o fim da reeleição pode
abrir caminho para nova reeleição de Lula

O título acima pode parecer paradoxal, mas a negociação para acabar com a reeleição para presidente, governadores e prefeitos, que estaria atualmente em curso, envolvendo governo e oposição, segundo informa nesta sexta-feira a Folha de S. Paulo , poderá abrir uma brecha para mais um mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O raciocínio é simples: se de fato a legislação for modificada para acabar com a reeleição e aumentar os mandatos para 5 anos, é lícito supor que se trata de uma nova etapa da vida política nacional. Com o jogo zerado, todo brasileiro legalmente apto poderia ser candidato a presidente, inclusive Lula, que disputaria o pleito dentro das novas regras, pela primeira vez. A discussão vem em boa hora e deveria ser ampliada: por que os deputados e senadores podem disputar sucessivas eleições e os prefeitos, senadores e presidente não podem? Há diversas democracias nas quais o mandato presidencial é ilimitado. Duro mesmo é o presidente vencer sucessivas eleições, a

Um exemplo de excelente jornalismo

A matéria abaixo, da Reuters, é o que se pode chamar de bom jornalismo. Uma excelente repercussão das pesquisas divulgadas na semana. O leitor pode achar que é fácil, mas a verdade é que é muitíssimo difícil arrancar este tipo de declaração de políticos. Em geral, são necessários alguns anos de experiência e muita habilidade para conseguir declarações tão fortes como as que estão abaixo. Político nenhum gosta de elogiar o adversário ou reconhecer seus próprios fracassos. Palmas para Ricardo Amaral e Natuza Nery. "Estamos aniquilados", dizem tucanos sobre popularidade de Lula Por Ricardo Amaral e Natuza Nery BRASÍLIA (Reuters) - Na semana em que duas pesquisas de opinião mostraram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com cerca de 50% de aprovação, o PSDB, principal partido da oposição, deu sinais de desânimo no Congresso. "Estamos aniquilados", desabafou o deputado José Aníbal (P

Lula em céu de brigadeiro

O artigo abaixo foi escrito para o Shopping News, encarte do DCI que circula às sextas-feiras, pelo autor destas Entrelinhas. É uma curta análise sobre as duas pesquisas divulgadas nesta semana. Apesar da crise, Lula voa em céu de brigadeiro Duas pesquisas divulgadas nesta semana revelam que a aprovação da população ao trabalho que vem sendo realizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva oscila entre 63% (Instituto Sensus) e 65% (Ibope). Já a aprovação ao Governo Federal é um pouco menor: 49% para o Ibope e 49,5% para o Instituto Sensus. A oposição evidentemente não gostou dos números que os dois institutos revelaram, até porque acreditavam que a tal crise aérea pudesse ter afetado um pouco a popularidade do presidente, o que não ocorreu. Desde a posse de Lula para o segundo mandato, aliás, tucanos e democratas (os ex-pefelistas) têm insistido em bater forte no governo, cobrando maior velocidade na reforma ministerial e denunciando a suposta falta de consistência do Programa de

Wagner Iglecias: azul e amarelo

Em mais uma colaboração para o Entrelinhas, o professor Wagner Iglecias analisa a última rodada de pesquisas sobre a avaliação do governo Lula. A seguir, a íntegra do texto. Pesquisas de avaliação de desempenho do governo são cada vez mais comuns no Brasil. Tradição em democracias mais antigas, as pesquisas vão se tornando uma rotina entre nós. Embora a variação dos números relativos ao humor da população brasileira em relação a Lula e a seu governo não seja das maiores nas sondagens recentes, feitas inclusive por empresas diferentes, interpretações sobre elas há para todos os gostos. Como seria natural, quem apóia ou simpatiza com o governo destaca os números mais favoráveis ao presidente e ao Palácio do Planalto, enquanto aqueles que lhe fazem oposição buscam destacar os índices menos vistosos. O fato é que, independentemente dos olhos que lêem as pesquisas, os números de todas elas vêm atestando, desde pelo menos meados de 2006, uma franca recuperação na popularidade de Lula e a man

Ibope confirma números do instituto
Sensus: 65% aprovam o presidente Lula

A pesquisa realizada pelo Ibope para a CNI (Confederação Nacional da Indústria) confirma os números da enquete do instituto Sensus para a CNT (Confederação Nacional dos Transportes): pelo Ibope, a aprovação do governo Lula é de 49% contra 49,5% na Sensus, cujo resultado foi divulgado anteontem. Já a aprovação pessoal do presidente Lula foi de 65% no Ibope contra 63% de aprovação aferido pelo instituto Sensus. Os números são expressivos, mas há sites destacando a "queda" de Lula no Ibope, conforme pode ser observado na nota reproduzida abaixo, da Folha Online. A diferença na curva das duas pesquisas se deve à data do levantamento anterior de cada instituto. O do Ibope foi feito em dezembro de 2006, logo após as eleições, e constatou a maior aprovação que um presidente brasileiro já teve: espantosos 71%. Já o levantamento anterior do instituto Sensus foi realizado em agosto do ano passado, antes das eleições e no calor da campanha eleitoral. Naquele mês, a aprovação ao preside

No céu, no mar, na terra...

Charge do Agê que estará no DCI de quinta-feira

Nova pesquisa sobre Lula sai amanhã

O Ibope vai divulgar amanhã a pesquisa realizada para a CNI sobre a popularidade do presidente Lula. A oposição naturalmente torce para que os números sejam bem diferentes dos revelados pelo instituto Sensus, mas é provável que o presidente ganhe mais um presente pós-pascoalino...

Coincidência ou má vontade?

A Folha de S. Paulo sempre leva para a manchete fatos de alcance nacional ou internacional. Dificilmente o diário paulista dá a chamada principal para assuntos estaduais, muito menos municipais. Pois não é que justamente no dia da divulgação da pesquisa CNT/Sensus favorável ao presidente Lula o jornal decidiu manchetar um ato da Câmara Municipal de São Paulo? Na primeira página, aliás, a Folha nem sequer se dignou a citar a pesquisa, que foi a manchete do rival O Estado de S. Paulo . Alguns dirão que a escolha de um assunto local foi mera coincidência, mas este blog acredita que o diário da Barão de Limeira está com uma enorme má vontade com o presidente Lula e seu governo. No noticiário econômico, o leitor assíduo já deve ter reparado, não há notícia boa que não seja publicada com pelo menos meia dúzia de ressalvas: "o risco país caiu, mas o dólar baixo prejudica os exportadores" é um bom exemplo do tipo de construção frequentemente utilizado no caderno Dinheiro da Folha .